quinta-feira, 3 de setembro de 2009

À avó Gertrudes

Olá, avó…
Tenho saudades tuas, tantas saudades tuas.
E tenho tanta pena de não te visitar… pergunto por ti ao teu neto, sim, porque ele é que é teu neto, eu sou apenas a mulher que casou com ele, mas sinto-te como avó. E sinto falta do teu carinho, do teu sentido de humor, da tua maneira de dizer que nos amas mesmo sem usares palavras. E eu sei que me amas, e sei também que tens saudades minhas.
Sinto que o fôlego que ainda te mantém não vai durar eternamente e, sinto também, que, mais dia, menos dia, irás partir… custa-me pensar que não te direi o quanto gosto de ti antes desse dia, mas, às vezes, há coisas que nos magoam tanto que nos impedem de dizer a quem amamos o quanto significam para nós. Por culpa de outros e não nossa, deixei de partilhar contigo tantos momentos nos últimos anos… deixei de rir com as tuas graças, com a tua malandrice.
À pergunta “como está a tua avó?”, a resposta que tenho é “está velhinha…” – e eu sei que sim… afinal já vais a caminho do século, não é?
Custa-me pensar que podes partir sem te despedires de mim… não quero deixar de te dizer o quanto gosto de ti, o quanto tenho saudades tuas… Por isso, já sabes, não podes ir embora antes de eu ganhar a coragem de cagar para tudo e todos, para os ódios que me dedicaram, para a indiferença com que os trato e me tratam, e chegar ao pé de ti, dar-te um abraço grande; um, dois, três, dez beijos e dizer-te “Avó, gosto muito de ti!”.
Tu não te atrevas, ouviste?

1 comentário:

  1. Vai já. isso será sinal que amadureceste e que és forte.
    alguém disse que ser sábio é saber quem somos sem medo.
    e para o amor é imperdoável ter falta de coragem. afinal, "só nos resta o amor"
    Vai já.

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