quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O outro

Eu não gosto de bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto

Eu aguento até rigores
Eu não tenho pena dos traídos
Eu hospedo infratores e banidos
Eu respeito conveniências

Eu não ligo pra conchavos
Eu suporto aparências
Eu não gosto de maus tratos

Mas o que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto

Eu aguento até os modernos
E seus segundos cadernos
Eu aguento até os caretas
E suas verdades perfeitas

o que eu não gosto é de bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto

Eu aguento até os estetas
Eu não julgo a competência
Eu não ligo para etiqueta

Eu aplaudo rebeldias
Eu respeito tiranias
E compreendo piedades

Eu não condeno mentiras
Eu não condeno vaidades
o que eu não gosto é do bom gosto

Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos modos
Não gosto

Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem..

Mário de Sá Carneiro, (magnificamente musicado por Adriana Calcanhoto)

2 comentários:

  1. Oi! Obrigada pela cenourita plantada!

    Eh pá, tiraram-me mesmo do sério... não sei se é da idade, mas já andava muito calminha, muito paciente.

    Quando ao raid, durou dois dias, 10 e 11 de Junho. Dia e meio, vá. O que está contado foi tudo no dia 10. O dia 11 já foi mais pequeno para mim e daí ser o próximo post o último episódio.

    Beijocas

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